Esta semana que passou tirei um tempinho de folga do trabalho, senti que precisava rever alguns hábitos e nutrir outros que me fazem muito bem. Não é nenhuma novidade para mim que a relação com as redes e os eletrônicos precisa de uma boa quantidade de reflexão. Uma nova forma de experienciar a vida chegou de ”sopetão” rompendo as barreiras do espaço e do tempo! ”Uau” é a sensação. E agora?
Hoje consigo conversar com meu irmão que mora fora do país e matar as saudades de alguém com quem era acostumado a viver tão perto quando criança. Posso atender pessoas a distâncias gigantes contribuindo com meu trabalho. Podemos estudar o que quisermos com professores de diversos lugares sem nem sair de casa. Assistimos o que quisermos e quando quisermos (e onde quisermos). E por aí vai, as possibilidades são tão inumeráveis que só de tentar numerá-las fumacinhas saem de minhas orelhas.
Mas umas outras coisas são impactadas também, nossa mente é a mesma de outrora, ela não avançou na mesma velocidade que nossa tecnologia. Com todos estes limites derrubados já ficou difícil de separar onde é o quarto, o escritório, qual é o momento do estudo, do social, do trabalho, etc. As coisas estão mais dissolvidas e misturadas do que nunca, concorda? Um ambiente virtual que nos mantêm a todo instante conectados com tudo como mágica é ao mesmo tempo maravilhoso e perigoso.
O yoga nos ensina que nossa mente já tem uma tendência maior ao movimento e nossa sociedade vai nesta direção também em muitos dos âmbitos da vida, estimulando excessos de consumo, produtividade, estudo, trabalho… Quem dirá onde vai dar tal intensidade de estímulos que os eletrônicos e as redes nos tem proporcionado?
Para que tenhamos mais paz, clareza mental e para que consigamos ter boas noites de sono devemos reduzir o grau de excitabilidade da mente. Sabe essa mente agitada que não consegue esperar o sinal de trânsito ficar verde sem dar um confere no celular, que não aguenta esperar uma resposta sem averiguar se ela já não chegou a cada minuto, que leva o ”precioso” até para o banheiro, que – coloque aqui seu absurdo cotidiano digital, (difícil quem nunca experimentou algum hoje em dia) -. Então, uma cabecinha acelerada assim já passou dos limites de velocidade e o diagnóstico nos dá previsões de desequilíbrios à frente… Precisamos acalmá-la. O yoga nos ajuda com isso com certeza de várias formas, através da prática de āsanas onde procuramos integrar corpo, respiração e mente por exemplo.
Mas o que venho trazer aqui é um toque para pensarmos mais sobre a direção que estamos dando para o relacionamento com as redes e a televisão, nós as usamos como ferramentas ou temos sido usados e nutrido vícios, perturbações, enganos? Digo que é fundamental protegermos a qualidade de nossas mentes para termos saúde, sabedoria e felicidade e que a relação com todo esse contexto virtual atual tem um impacto considerável em nós. Refletirmos melhor sobre as formas e frequência de uso é essencial. Se eu puder dar algumas poucas sugestões sobre isso de uma forma genérica eu diria para procurarmos nos distanciar das telas pelo menos por um tempo antes da hora de dormir para que o sono seja de melhor qualidade e outro tempo após acordar para que o dia inicie mais sereno. Um pouco de disciplina aqui fará bem, quem sabe arrumar um cantinho para o celular em casa, onde você vai pegar quando precisa, ao invés de tê-lo sempre grudado no corpo nos exigindo atenção constante.
Se puder olhar no olho, olhe, se puder sentir o ar puro entrando, sinta, se conseguir prestar mais atenção na vida que acontece a sua volta, preste. Sua vida será mais viva. Que as telas venham compor de uma forma construtiva, que possamos agregar e não destruir, que possamos usar e não ser usados, que nos tornemos mais sábios e não mais distantes e emburrecidos.
Há que estarmos atentos sobre o sentido das nossas ações, onde estamos indo? Aonde nossos hábitos estão nos levando? Estamos ficando mais serenos, contentes, maduros ou mais cansados, frustrados, ansiosos? Paremos e pensemos… Constatemos os fatos dentro de nós mesmos para deliberar com consciência.
Isso foi um pouco do que pensei nestes dias e queria compartilhar.