Era uma vez um hobbit que recebera uma missão importante, seu nome era Frodo e ele deveria levar o ”Um Anel” em uma jornada para que este fosse destruído. Este anel era maligno e representava extremo perigo.
Elrond, um elfo ancestral e Gandalf, um mago muito sábio, tinham um conhecimento muito profundo sobre Samkhya (filosofia que fundamenta muitos dos conhecimentos do yoga e ayurveda), e disseram para o pequeno que este era o seu Dharma, que isso era muito importante, mas que ele deveria escolher. Frodo não sabia muito o que significava isso, mas em seu coração sentia que era o seu dever. Tomou então essa reponsabilidade para si, e junto com uma pequena comitiva iniciou seu caminho.
Ao longo da jornada foi entendendo que o Dharma era um propósito em sua vida, o cumprimento dos diversos papéis que temos, e nesse momento, a missão que lhe fora concedida tomava esse lugar amplamente. Ele entendeu também que Dharma só é Dharma se também beneficiar não só a si mesmo, mas os demais. E assim cada vez mais sentia-se verdadeiramente responsável por seu próprio caminho e suas escolhas, e sabia que seria bom à todos.
Mesmo com tudo isso sendo esclarecido a partir das reflexões que fazia sobre os conhecimentos recebidos pelos sábios, todos os perigos que passara em suas aventuras o deixaram temeroso por seguir adiante. Havia chegado um momento onde deveria decidir se seguia em frente diretamente, ou se pegava um caminho mais longo e um pouco menos perigoso, e sua mente se mostrou confusa; não podia escolher. Assim, Frodo pediu para sua comitiva que lhe dessem um tempo para ponderar.
Frodo subiu ao alto de uma montanha sozinho, sua mente confusa, não por não saber qual seria o melhor caminho, mas pelo medo intenso que lhe tomava por inteiro. Ali o hobbit sentou, pensou sobre muitas das palavras de Gandalf, o sábio mago, e também pegou suas anotações, dos encontros que teve com seu tio e professor de yoga Bilbo Bolseiro. Recordou que o yoga nos ensina que o medo assim como outros obstáculos internos são comuns a todos os seres, e que deveria acolhe-lo, conhecê-lo dentro de si, não adiantaria fingir que ele não estava ali. Mas seu coração ainda palpitava e suas mãos estavam tremulas, difícil era a tarefa de pensar com clareza. Então deixou as anotações de lado um pouco e fez alguns āsanas (posturas) e pranayamas (exercícios respiratórios) que gradualmente os ajudaram a reduzir sua agitação mental. Com a mente assim mais lúcida fechou os olhos e pode separar as coisas com mais precisão, reconheceu seu medo, mas também soube por um sentimento sútil que havia algo mais profundo dentro de si, além do medo de perder a própria vida, menos passageiro que seu próprio corpo, e isso lhe trazia uma certa paz. Lembrou também de todos que seriam impactados por sua escolha e beneficiados se sua missão fosse cumprida, e isso esquentou seu coração. Seu medo então havia reduzido consideravelmente e sua decisão tinha sido tomada, ”cumprirei com meu Dharma”.
Fico pensado o que seria da ”Terra Média” se Frodo não estudasse e praticasse yoga, se não tivesse podido ponderar com sabedoria, se não houvesse aprendido a lidar com sentimentos tão humanos com o devido acolhimento.
ESSE TEXTO É BASEADO EM UM TRECHO DO PRIMEIRO LIVRO DA TRILOGIA ”O SENHOR DOS ANÉIS”. UM CONTOZINHO FEITO A PARTIR DE OUTRA PERSPECTIVA DOS ACONTECIMENTOS DO LIVRO. TRAÇANDO UM PARALELO COM OS CONHECIMENTOS DO YOGA ATRAVÉS DA FANTASIA.